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O que colhemos e o que deixamos cair

Chego a esta altura do ano e todas as minhas células já pedem tardes de domingo chuvosas e casacos de malha. E enquanto eu desespero por este estado (por muitos apelidado de melancólico) o tempo não responde às preces e envia ainda uma primeira metade de outubro com temperaturas de fazer inveja a qualquer mês de junho.

O que torna a minha opinião um pouco controversa, porque nenhum português que se preze anseia pelo Outono. Na realidade, nenhum ser saudável espera o ano inteiro pelos primeiros dias de folhas castanhas e chuva molha-tolos, porque o sol é Deus. Sol, calor, brisas mornas…a base da idolatria nacional.

“Ai Sara, o calorzinho é tão bom. Deixa o verão prolongar-se!” – é o que mais ouço. E vejo os seus olhares reprovadores.

E reflito sobre como é difícil desapegar de certos confortos – confortos falso que nascem da segurança em não contrariar expectativas sociais que acabam por abafar a nossa individualidade.


O Ritmo do Outono – a Colheita e o Cair da Folha

Estamos em tempo de colheitas assim como no cair da folha. Esta estação é particularmente estimulante, não só pela maravilha das ofertas sazonais típicas, mas pela oportunidade de um novo ciclo que começa.

Por esta altura, já estou em modo “fecho de ano” com as maravilhosas celebrações até ao fim do mesmo. Celebro o ano que se passou e preparo mais um ciclo que se avizinha.

Mas celebrar também pede coragem. Coragem para olhar de frente o que conquistámos, sem nos desvalorizarmos, e coragem para largar o que já não faz sentido carregar.

E aqui entra o verdadeiro ensinamento do Outono: a folha não cai porque falhou, cai porque cumpriu o seu papel.


Convicções emprestadas

Muitas vezes, no esforço de pertencermos, vestimos camadas que não são nossas: opiniões, formas de estar, rotinas que se encaixam bem no olhar dos outros mas que nos afastam de nós próprios. É saudável querer integração, claro, mas perigoso quando, nessa dança coletiva, esquecemos o nosso próprio ritmo.

Quantas vezes abandonamos hobbies que nos faziam sorrir? Quantas vezes abafámos a nossa forma de ser porque “não parecia adulta o suficiente”? Quantas paixões ficaram no fundo da gaveta para mantermos a imagem de pessoas responsáveis, sérias, competentes?

No entanto, a autenticidade é o maior ato de autoestima que podemos praticar. É quando deixamos cair as folhas que não nos servem, e ficamos apenas com o essencial: o tronco original, as raízes criativas, o potencial de novos desenvolvimentos.


A colheita interior

Assim como os agricultores fazem balanços do que foi fértil e do que não vingou, também nós podemos fazer o mesmo com a nossa vida. Uma auditoria ingrata, por vezes, mas quase sempre necessária: O que floresceu este ano? Que sementes plantadas há muito tempo finalmente deram fruto?

E, pelo contrário, o que já não faz sentido alimentar? Quais os hábitos, pensamentos ou expectativas que posso libertar, com a mesma naturalidade que o vento leva as folhas secas?

Esse desapego não é perda: é espaço aberto para o que virá e, acima de tudo, esclarecimento sobre a própria identidade.


O exercício de sermos nós próprios

Mesmo quando parece um pouco esquisito. Mesmo quando gostamos de chuva num país de praia.

A convicção das nossas esquisitices é das coisas mais libertadoras que existem. É nesse tempo e espaço que vivemos a vida de forma muito mais leve. E consequentemente, é dos princípios mais bonitos do slow living: a simplicidade em ser apenas.

E enquanto nos regalamos nas nossas próprias idiossincrasias, na forma diferente de decorar a nossa casa, na gabardine amarela entre a multidão de guarda-chuvas cinzentos, na dança tímida no meio da rua, na gargalhada no escritório soturno…que feliz seremos neste mundo de olhares inquisidores!

Obrigada por estares desse lado,

Sara – Slow Living Portugal

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