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Multitasking

Uma ferramenta valiosa ou um perigo disfarçado?

Quase que aposto 1 mês de renda que qualquer um de nós vive a sua vida com camadas sobrepostas de tarefas, pensamentos, objetivos e projetos. Ou já viveu, a dada altura.

Na realidade, é uma capacidade muito aplaudida – multitasking. De facto é. Ainda que vivamos vidas muito simplificadas e desaceleradas, estamos em constante desmembramento de nós próprios para concluir as mais diversas tarefas do nosso dia-a-dia. Porque a vida também nos obriga a isso – ou, pelo menos, é essa a premissa.

Embora se tenha tornado um hábito imprescindível na sociedade moderna, o Multitasking pode não ser o soft skill ideal para o nosso currículo mental. Podemos e devemos construir fronteiras na nossa cabeça que nos permitam identificar os momentos e as tarefas que podem ser sobrepostas e realizadas em simultâneo.

Vida Pessoal

Na vida pessoal, o multitasking pode levar a uma sensação constante de sobrecarga e stress. E existe um perigo muito evidente na nossa casa e nos nossos momentos de relax: o telemóvel.

Consultar e responder a e-mails, verificação de redes sociais, chamadas telefónicas/SMS, etc. durante:
  • Refeições

  • Encontros sociais

  • Tempo com família

  • Tempo individual (auto-cuidado, exercício físico, meditação, leitura, etc.)

É um grande não-não!

Cá por casa estamos a trabalhar na retirada dos telemóveis de cena. Temos muito hábito de estarmos ao telemóvel após o jantar, enquanto vemos televisão e a miúda brinca. Porque percebemos, entre várias coisas, que a miúda chama mais pela nossa atenção quando estamos ao telemóvel. Nesse sentido, entendemos que não estamos a prestar atenção a nada – em 1º lugar, à miúda, à televisão, aos telemóveis… “Não faz, nem deixa fazer”.

Um estudo realizado pela Universidade de Sussex ( Study on Multitasking and Brain Structure) demonstrou que o uso simultâneo de vários dispositivos eletrónicos está associado a uma diminuição da densidade de matéria cinzenta na região do cérebro responsável pelo controlo emocional e pela tomada de decisões (córtex cingulado anterior).

Vida Familiar

Na sequência do ponto anterior, as dinâmicas familiares também são profundamente afetadas pelo multitasking. Quando pais e filhos estão juntos, mas distraídos por dispositivos eletrónicos ou outras tarefas, a qualidade do tempo compartilhado é reduzida.

Não que o uso dos dispositivos eletrónicos deva ser diabolizada.

Convenhamos, há tecnologia que promove momentos de convívio, assim como, desenvolve cooperação e trabalho em equipa entre os diversos membros da família, nomeadamente no universo dos jogos. Mas não nos esqueçamos que introduzimos uma tecnologia em prol do principal – a verdadeira conexão, onde as interações são profundas e significativas.

Estudos indicam que crianças cujos pais frequentemente se envolvem em multitasking digital sentem-se menos conectadas e mostram sinais de comportamentos problemáticos mais frequentemente. Além disso, essas crianças podem apresentar dificuldades em desenvolver habilidades sociais e emocionais essenciais.

Efeitos nas Crianças

O impacto do multitasking na dinâmica familiar é especialmente pronunciado nas crianças. Quando nós, pais, estamos distraídos com dispositivos eletrónicos, isso pode resultar numa menor disponibilidade emocional e atenção para os miúdos. Um estudo publicado no Journal of Child Development descobriu que crianças expostas a pais que praticam multitasking digital apresentam níveis mais altos de ansiedade e problemas de comportamento.

E, sem deixar de ser o principal (e prioritário face a qualquer tipo de estudo), nós, pais, temos que OLHAR para as crianças. Elas precisam e procuram a nossa atenção. Seja de que maneira for.

Sem querer, estamos a promover distanciamento. Estamos a tornar-nos modelos de que, acima da interação humana, está o telemóvel, o computador, os ecrãs.

Além disso, pais! Podem estar a perder sinais importantes no desenvolvimento dos filhos assim como a abrir a porta à probabilidade de acidentes por distração.

 Vamos pensar como podemos estabelecer limites claros para o uso de tecnologia e reservar tempo de qualidade, sem distrações, para interagir com a nossa família. Isso não apenas melhora o bem-estar emocional das crianças (e dos adultos), mas também fortalece os laços familiares, promovendo um ambiente de crescimento e apoio.

Vida Profissional

Bem, aqui a argumentação perde terreno.

(Será?)

O multitasking é aquela característica que não pode faltar a um profissional. A tua capacidade de trabalhares em diversos projetos simultaneamente diz mais que todo o teu currículo.

Eu já fui essa pessoa. “Dá à Sara que ela trata disso num instante.” – o efeito horder nas tarefas.

Os jeitinhos que fazemos aos colegas, o favor que fazemos ao chefe, o projeto que na realidade demora 4 semanas para ser feito em condições mas que o apresentas em 2 porque o patrão “quer ver!” naquele tempo ridículo e esperas que ele não observe com muita profundidade porque aquilo é mais frágil que um quadro pendurado com fita-cola.

Repete comigo:

– “Isso não funciona assim!”

– “Posso fazer no tempo que eu conseguir.”

– “Neste momento, tenho outras prioridades em mão.”

– “Por favor, necessito de ajuda num planeamento de tarefas, por prioridades.”

– “Se eu entregar isto neste tempo, não irá sair bem. Retiro a minha responsabilidade.”

– “Se Deus me tivesse feito para esta agenda de trabalho, tinha vindo ao mundo um polvo.” – ok, esta é para os colegas mais “chatinhos” ou se o chefe estiver mesmo a pedi-las.

Depressa e bem, há quantos? – já sabemos, não é?

O multitasking pode reduzir significativamente a eficiência e a qualidade do trabalho. Os trabalhadores que tentam realizar várias tarefas em simultâneo apresentam um desempenho pior em todas as tarefas, em comparação com aqueles que se focam numa tarefa de cada vez. Um estudo publicado no Journal of Experimental Psychology concluiu que a troca constante entre tarefas pode aumentar o tempo total necessário para completá-las em até 40% .

Saúde

Do ponto de vista da saúde, o multitasking pode ter consequências negativas tanto físicas quanto mentais. O stress constante de tentar gerir múltiplas tarefas ao mesmo tempo pode levar à exaustão, ansiedade e problemas de sono. Além disso, a falta de foco pode resultar em acidentes e lesões.

Necessitamos de fazer um exercício mais cuidadoso e deliberado no nosso auto-cuidado. Há tempo para tudo – sim, há mesmo! Precisamos é de nos permitir de vivenciar as coisas com mais organização mental e disponibilidade emocional, dando preferência à qualidade em vez de quantidade. Esquecer as camadas de tarefas inadiáveis e construir um calendário de atividades que possa, de facto, ser realizável.

Capacidade de Aprender e Lembrar

Outra dimensão afetada pelo multitasking é a nossa capacidade de aprender e lembrar. Pesquisas indicam que o multitasking pode prejudicar a memória e a aprendizagem.

Não precisamos de nenhum estudo (embora o haja) que nos prove que estudantes que tentam estudar enquanto assistem televisão ou usam redes sociais, têm um desempenho académico significativamente inferior ao daqueles que estudam sem distrações. Isso ocorre porque o nosso cérebro não é projetado para dividir a atenção de forma eficaz entre múltiplas tarefas complexas. Reitero, complexas.

Conclusão

O multitasking, apesar de parecer uma capacidade mundana e altamente incentivada, frequentemente prejudica a qualidade do nosso trabalho, das nossas relações pessoais e familiares, a nossa saúde e a forma como o nosso cérebro funciona organicamente.

Sabemos que temos muitas facetas, que temos 1001 coisas para fazer. Mas estamos realmente a fazê-las quando as amontoamos num quarto escuro na nossa cabeça?

 Nós sabemos perfeitamente o que temos que fazer e o que é, essencialmente, bom para nós…mas estamos dispostos a mudar o nosso comportamento?

Na sequência deste tema, eu diria que sim. Mas um dia de cada vez, cada tarefa a seu tempo.

Aceitas mais um desafio Slow Living?

 

Obrigada por estar desse lado,

Sara – Slow Living Portugal

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