A época festiva é, oficialmente, o tempo da luz, das mesas cheias e das casas que cheiram a velas de baunilha e canela. No outro lado do postal, e por trás das fotos de instagram, existe o tempo da pressão silenciosa, das expectativas acumuladas e da fadiga emocional que tentamos varrer para debaixo do tapete.
Vivemos entre a promessa do “espírito natalício” e a realidade de agendas lotadas, refeições para organizar, visitas e compromissos, e aquela sensação de que temos de estar à altura.
E a pergunta é: A altura de quê? De quem?
Nem sempre sabemos responder a isso. Apenas sentimos o peso. E assim levamos, ano após ano, um mês de azáfama, correria, stress e angústias disfarçadas em prol do dito “espírito de festa”.
Ora, por mim, que se lixe tudo isso!
Reconhecer quando a época festiva se torna demasiado barulhenta
Às vezes achamos que é só da nossa cabeça, que o stress é suposto acontecer e que toda a gente passa por isso. Pois…talvez não. Esta ideia do sacrifício que fazemos durante as festas em prol das crianças, da família, do bem estar coletivo é uma falácia. Só existe bem estar coletivo quando ninguém está em esforço.
Não me interpretes mal: há um esforço inerente, um extra que damos para preparar algo que acontece uma vez ao ano e é legítimo dispensar mais energia para que algo especial aconteça. No entanto, ainda nos falta tanto para compreender que o brilho não está na maratona de dezembro…
Há um certo ruído não vem só das luzes, das músicas ou das campanhas. Vem, sobretudo, da ideia de que temos de ser anfitriões perfeitos, familiares impecáveis, amigos disponíveis e profissionais dignos do bónus do natal — tudo ao mesmo tempo, e com brilho.
A verdade é que a exaustão emocional deste período é real. E ignorá-la só a intensifica.
O primeiro passo para uma época festiva mais leve não é gastar um subsídio inteiro em prendas ou preparar refeições perfeitas, muito menos pedir empréstimos para viajar até ao Brasil para passar o reveillon — é reconhecer que esta época é para celebrar. Que não se encaixam fretes, frustrações ou obrigações.
Gerir expectativas: as nossas e as dos outros
Grande parte do peso emocional das festas nasce das expectativas que herdamos e outras que desenvolvemos: “tem que ser como sempre foi”, “tem que sair perfeito”, “tenho que fazer como a mãe/pai/avó faziam”.
Mas expectativas não são contratos. E é aqui que podemos aplicar a arte de calibrar o possível, não o ideal. Ainda que possa parecer disruptivo, se significar uma restruturação da tua época festiva à imagem das tuas necessidades, força!:
- Reduz listas;
- Simplifica convívios;
- Partilha o esforço;
- Diz não sem culpa.
É tudo muito bonito quando queremos ser os anfitriões ou convidados modelo, que não contrariam ninguém, que são muito prestáveis, que se disponibilizam totalmente para qualquer coisa…mas quando chegamos ao fim da noite, já não há pachorra para ouvirmos a nossa própria respiração.
As expectativas podem ser um veneno e, na maior parte das vezes, ela não é assim tão esperada – somos nós que, muitas vezes, colocamos padrões irrealistas na nossa cabeça.
É verdade, há pessoas na nossa vida que esperam pelo momento em que nos espalhamos ao comprido em alguma coisa. A pergunta é: por muito próximas que essas pessoas sejam (pais, sogros, irmãos, cunhados, etc), temos mesmo que nos “sujeitar” a estar com elas? Vale a pena esse falso “bem estar familiar”? Vale a pena a fotografia?
Para quem quer festas que respiram

Com esta vontade de tornar as festas mais humanas, mais gentis e mais conscientes, nasceu o Guia para Desacelerar as Festas — incluído na subscrição deste mês do Jornal Slow Living.
É um guia com questões difíceis mas também com dicas práticas:
- rituais para baixar o ritmo antes dos convívios;
- sugestões para simplificar tradições;
- estratégias para gerir tempos;
- e pequenos convites para tornar as tuas festas num lugar de tranquilidade.
Se sentes que já são muitos anos a repetir a mesma ansiedade e a mesma correria, encontra neste guia pequenas orientações para uma época festiva livre de fretes, stress e obrigações sociais que drenam.
👉 A subscrição do Jornal Slow Living dá acesso imediato ao “Guia para Desacelerar as Festas”.
Festas Felizes!
Obrigada por estares desse lado,
Sara – Slow Living Portugal





