Agarra o teu Guia Prático GRATUITAMENTE

Faz o download gratuito e dá o primeiro passo rumo a uma vida mais leve, consciente e alinhada com o que realmente importa.

O verão deixa-te em baixo? É normal não te sentires bem.

Sabias que ondas de calor estão associadas a um aumento de até 23% nas hospitalizações por causas de saúde mental?
E que dormir numa noite tropical (acima de 20 °C) pode reduzir a qualidade do sono tanto como virar-te na cama por horas?

Enquanto as redes sociais vendem o verão como a estação dourada da felicidade, há quem se sinta como uma fatia de pão de forma na torradeira: a torrar lentamente e sem energia para acompanhar nada nem ninguém.

Eu, que já sou uma respeitável idosa nos trinta e tais, sei bem que o calor não traz só sunsets, esplanadas e gelados no Instagram. Ele também traz ansiedade, irritabilidade e cansaço mental — mesmo a quem não tem histórico de problemas psicológicos.

Neste artigo, vamos desmontar o mito do “verão sempre feliz” e explicar, com base científica, porque é que o calor pode desgastar tanto o teu corpo como o teu bem-estar emocional.

Fisiologia: O Stress e a resposta do Corpo ao Calor

O calor intenso é mais do que desconforto: o corpo vê-o como um estado de stress. E quando o termómetro sobe, o teu organismo aciona mecanismos para manter a temperatura interna estável. Ou seja, o corpo entra num género de sobrevivência térmica.

Para isso acontecer:

  • Liberta mais cortisol, a hormona do stress, para mobilizar energia para o combate da subida da temperatura interna face à externa.
  • Ativa o sistema nervoso simpático (o “modo sobrevivência”), que acelera o coração e altera a respiração para estimular sudorese e vasodilatação.

Resultado? Com o sistema nervoso parassimpático inibido e a injeção de cortisol no corpo, reduzimos a capacidade de relaxar, dormir e regenerar energia.

Ciclo vicioso Calor–Stress

  • Cortisol alto + inibição parassimpática prejudicam a qualidade do sono e aumentam sensibilidade a estímulos (sons, luz, interações sociais).
  • Isso gera sobrecarga física e mental, o que potencializa sintomas de ansiedade e depressão.
  • Mesmo pessoas sem diagnóstico prévio podem sentir-se especialmente irritadas, cansadas, ansiosas e deprimidas.
  • O sono afetado torna-se o principal precursor desta vulnerabilidade, não obstante, a sensação de temperatura elevada pode ser suficiente para ativar uma resposta fisiológica mais tensa.

Existem vários artigos científicos que identificam a correlação entre ondas de calor e o aumento de sintomas de doenças mentais tanto em indivíduos com histórico psiquiátrico como em pessoas saudáveis.
Segue uma referência de exemplo que soma muita informação e outras fontes sobre este assunto, pelo Institute of Global Health Innovation, UK: https://blogs.imperial.ac.uk/ighi/2025/08/04/link-between-heat-and-mental-health/

Adicionalmente, com o aumento da transpiração durante ondas de calor, o teu corpo perde eletrólitos importantes à função cerebral e uma pobre ingestão de água leva a uma diminuição do volume do sangue a circular. Estes dois fatores desempenham um papel fantástico na diminuição das capacidades cognitivas fazendo com fiques um pouco mais tolo das ideias (lentidão mental, dificuldade de concentração, aumento da sensação de fadiga, dores de cabeça e alteração de humor).

E como combater estes sintomas no verão?

Ora, era bom que todos tivéssemos acesso a ar condicionado nas nossas casas e que a malta desgraçada não trabalhasse exposta ao calor durante as horas de pico.

Todos nós sabemos por alto as medidas de prevenção mas vamos a uma lista um pouco mais específica:

  • Duches frios não! – paradoxalmente, um duche frio pode ter uma resposta fisiológica de rebote. O frio pode promover uma vasoconstrição que irá “selar” o calor no teu corpo (as veias dilatam para libertarem o calor para o exterior). Banhos mornos ou ligeiramente frescos (cerca de 27–33 °C) não provocam vasoconstrição acentuada e ajudam a dissipar calor gradual e eficientemente.
  • Ventoinhas apenas até 40ºC – Ventoinhas são apenas eficazes em temperaturas abaixo de 40ºC. Acima dessa temperatura, a ventoinha vai aquecer o corpo.
  • Crianças e carrinhos – Não tapes o carrinho com um pano para não sobreaquecer a criança. Se tiveres que o fazer para promover sombra, utiliza um pano húmido – se puderes, acrescenta uma ventoinha portátil para dispersar o ar mais fresco pelo pano.
  • Muda o ritmo – É mesmo importante arrastares os móveis da sala quando estão 570ºC lá fora e 300ºC dentro de casa? Em ondas de calor é importante preservar energia. Evita movimentações que exigem esforço.
  • Prioriza hidratação constante – Pequenos goles ao longo do dia, não só quando sentes sede. Um copo de água a cada hora, no mínimo. Ah, e esquece as bebidas alcoólicas!
  • Checkup social – Entra em contacto regularmente com pessoas à tua volta que estejam em situações vulneráveis de saúde.
  • Gestão de stress e “manutenção” mental – Se o verão te fragiliza mental e emocionalmente, cria rituais de autocuidado, priorizando o acompanhamento profissional. O Transtorno Afetivo Sazonal não é exclusivo das estações mais frias e escuras. Se sentes que algo “não está bem”, não hesites em procurar o acompanhamento correto. Não tentes encontrar soluções fáceis na internet.

Para mais informações e orientações sobre como te protegeres do calor, seguem as comunicações da OMS e do SNS.

Como vês, há imensos casos de manifestações mentais/emocionais durante temporadas de temperaturas altas. Factualmente, o calor tem efeitos negativos no nosso humor e no nosso comportamento. E só porque toda a gente parece feliz da vida a saltar de esplanada em esplanada, de sunset em sunset, de festival em festival, não significa que tu estejas alinhado com essa energia.

É legítimo não estares bem. Acolhe esse estado e toma as diligências necessárias para te protegeres e recompores.

Bom verão! 🌞

Obrigada por estares desse lado,

Sara – Slow Living Portugal

Scroll to Top